domingo, 11 de maio de 2008

PF tem planilha que inclui Paulinho em divisão de propina


Foto: Agência Senado

O deputado Paulinho (PDT-SP), da Força Sindical
Um rascunho em folha de papel sulfite indica o destino que teria sido dado a R$ 2,6 milhões - parte do dinheiro desviado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pelo grupo desarticulado pela Operação Santa Tereza da Polícia Federal.

A planilha, juntada aos autos do inquérito policial que investiga lobistas, empresários, advogados e servidores públicos, indica o nome Paulinho como o destinatário de R$ 216 mil. Paulinho é "possivelmente" o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, afirma a PF em relatório de investigação que enviou à Justiça Federal.

O papel que reforça a suspeita de ligação do parlamentar com o suposto esquema de fraudes com recursos do BNDES foi encontrado na manhã de 24 de abril - quando a Operação Santa Tereza foi deflagrada -, em uma sala da Progus Consultoria e Assessoria, situada à Alameda Santos, Jardins, em São Paulo.

A Progus pertence ao empresário Marcos Vieira Mantovani, apontado pela Procuradoria da República como o consultor da organização criminosa e parceiro de João Pedro de Moura, amigo e ex-assessor de Paulinho. Mantovani e Moura estão presos em caráter preventivo na Custódia da PF. Eles não prestaram depoimento no inquérito, sob a proteção do direito constitucional de só falar em juízo.

Os investigadores da Polícia Federal consideram indiscutível que o manuscrito, datado de 21 de janeiro, foi elaborado por Mantovani - eles compararam sua letra lançada em outros documentos recolhidos na Progus e concluíram que a caligrafia é a mesma. A planilha Progus é mais um avanço da PF na direção de Paulinho da Força.

O documento teve peso fundamental no requerimento da Procuradoria da República ao Supremo Tribunal Federal para abertura de investigação sobre o parlamentar, citado em escutas telefônicas da quadrilha como suposto beneficiário de propinas. Na semana passada, acolhendo requerimento da procuradoria, o juiz federal Marcio Ferro Catapani enviou os autos ao STF.

TRÁFICO

A Operação Santa Tereza nasceu para combater o tráfico de mulheres a partir da boate WE, prostíbulo paulistano freqüentado por empresários, policiais e políticos. Seu proprietário, Manuel Bastos, o Maneco, está foragido. Alvos da escuta federal, Maneco e seus parceiros acabaram revelando detalhes sobre outra atividade ilícita, a que envolve desvios de recursos do BNDES.

A PF começou a investigar essa etapa do esquema em dezembro. Descobriu que a quadrilha infiltrou agentes no banco estatal e em administrações municipais. Também constatou que a cúpula da organização mantém laços estreitos com a Força Sindical e com o PDT.

Além de Paulinho, presidente estadual do partido, é mencionado nos grampos José Gaspar, vice-presidente do PDT.

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